quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SEXUALIDADE NO CLIMATÉRIO


Sexualidade no climatério
Ondas de calor, suscetibilidade emocional, instabilidade hormonal e um indicativo de que se está envelhecendo e entrando em uma fase mais, digamos, madura. Historicamente, essas são as características associadas à menopausa. Historicamente, porque a realidade hoje em dia é outra.
As mulheres continuam ativas não só profissionalmente, mas em todas as esferas. Com o lado sexual não poderia ser diferente. Entrar no climatério, nome científico para essa fase da vida da mulher, já não significa mais "ficar velha” e deixar de ter uma vida sexual satisfatória.

Em termos mais simples, o climatério, que pode ocorrer dos 40 as 65 anos, marca a transição da fase reprodutora para a não reprodutora no corpo da mulher. "É apenas uma mudança, assim como a puberdade, que é o oposto: segue da vida não reprodutora para a reprodutora", explica Angela Fonseca, livre docente em Ginecologia e professora associada da Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Durante a menopausa, o corpo da mulher diminui radicalmente a produção do estrogênio, hormônio responsável pela capacidade reprodutora. Segundo a profª Angela, é um erro acreditar que a etapa muda a vida sexual e a libido. "A mulher que já estava bem sexualmente antes de entrar na menopausa, continua assim", pontua.

A razão de tanta confusão sobre haver menos desejo na menopausa se deve a um fato relativamente simples: com a diminuição dos hormônios, há uma menor lubrificação na vagina, e isso pode causar dor no relacionamento sexual. "Se a mulher tiver a vagina muito seca, causa dor e impede a penetração. A dor inibe o desejo sexual, atrapalha e, com isso, a mulher fica com medo de ter relação e de acompanhar o parceiro", esclarece a especialista.

A boa notícia é que isso é sanável, se for feito um tratamento correto. O principal deles é a terapia hormonal, que compensa os níveis de hormônio (naturalmente diminuídos durante essa fase) e aumenta o fluxo sanguíneo e a lubrificação na vagina. A terapia é feita combinando estrogênio e progestogênio, dois hormônios femininos. Para as mulheres que já retiraram o útero, é realizada apenas com estrogênio.

Na maioria das vezes, esses dois hormônios dão conta de restabelecer o equilíbrio no corpo da mulher e deixá-la com a lubrificação vaginal e outras funções do corpo normalizadas. Em alguns casos, porém, opta-se pelo tratamento também com testosterona – hormônio masculino produzido em doses pequenas no corpo da mulher ao longo da vida reprodutora – para aumentar a libido.

Mas atenção: não é recomendável adotá-lo nos tratamentos, a não ser que se perceba que os hormônios femininos não estão causando o efeito desejado ou que a mulher apresenta deficiência de testosterona. O que, aliás, é incomum: na menopausa, é frequente haver aumento dos níveis desse hormônio no corpo da mulher.

Acompanhamento Médico

Então, como definir quais hormônios são necessários na terapia de reposição? O recomendável é fazer acompanhamento ginecológico periódico e consultar um médico para iniciar a terapia, em busca do tão importante aumento na lubrificação vaginal e de melhora na qualidade da vida sexual após os 45 anos. "Com a parte da dor resolvida, a mulher se sente bem e tem libido e orgasmo", garante a Drª. Angela.

O fator "se sentir bem", aliás, é uma peça importante no desempenho sexual. A saúde psicológica tem de andar lado a lado com a física. Um bom remédio para isso é se manter ativa, com um bom convívio social – o que, felizmente, é cada vez mais comum. Já caiu por terra a noção de que mulheres com mais de 50 e 60 anos não têm vida sexual e devem desempenhar o papel de avó.

"Hoje, a mulher nessa fase está muito bem. E isso é importante, pois a saúde psicológica precisa estar presente. Se a mulher se sente bem, participa, tudo funciona bem. A parte sexual é consequência", analisa Angela Fonseca. "A mulher estando bem consigo mesma e havendo um homem interessante e interessado, a vida sexual vai bem", complementa a especialista.