sexta-feira, 10 de setembro de 2010

INFERTILIDADE MASCULINA

o problema "mora" ao lado

Infertilidade masculina
Por mais que se tente, seguindo a tabela e usando as técnicas mais adequadas, muitas vezes não há jeito, a gravidez simplesmente não ocorre. Nessas situações, é muito provável que o diagnóstico seja infertilidade.
Mas é bom ficar atenta: o problema pode não estar na mulher, e sim no parceiro, já que o homem é o único responsável pela infertilidade conjugal em até 30% dos casos, e apresenta problemas em conjunto com a parceira em mais de 20% das vezes.

“Dessa forma, o homem participa das situações de infertilidade em cerca de 50% dos casais ditos inférteis. Não há dúvidas de que é imprescindível uma avaliação masculina especializada quando estamos diante de um casal com dificuldades para engravidar”, prescreve o Dr. Guilherme Leme de Souza, urologista especializado em microcirurgia urológica.

O papel do homem na infertilidade não pode, portanto, ser ignorado. Assim como as causas do problema, que podem ir muito além da falta de capacidade de conceber. Isso porque, no homem, a fertilidade é um indicador eficaz da situação geral de saúde, já que o sistema reprodutor masculino é extremamente sensível e reage negativamente a qualquer sinal de transtorno.

“Em muitas dessas circunstâncias, a infertilidade é a primeira manifestação da condição que a causa, o que reforça imensamente a importância da investigação médica dos homens com problemas de fertilidade. Uma das principais razões para investigarmos o paciente portador de infertilidade é nos certificarmos de que o mesmo não apresenta nenhuma doença mais grave, ainda que em estado inicial, que possa estar conduzindo-o ao quadro de infertilidade”, explica o Dr. Guilherme.

“A infertilidade masculina deve ser averiguada em detalhes, pois podemos inclusive encontrar uma causa genética subjacente em um paciente apresentando, à primeira vista, apenas problemas de fertilidade”, adiciona o urologista.

O alerta é importante pois, quando há problemas genéticos envolvidos, mesmo que se obtenha a gravidez com métodos de reprodução assistida, deve-se tomar cuidado, uma vez que diversos transtornos de ordem genética podem ser transmitidos aos possíveis filhos.

Varicocele

Uma das causas mais frequentes de infertilidade masculina é a varicocele, conjunto de varizes no testículo que acarretam piora progressiva da qualidade do sêmen e atinge até 40% dos homens considerados não-estéreis.

Outras causas possíveis são criptorquidia (testículos fora da bolsa testicular em algum ponto da vida) e as orquiepididimites (infecções nos testículos e epidídimos, ductos que coletam e armazenam os espermatozóides produzidos pelo testículo), que podem estar presentes em até 10% dos pacientes inférteis.

Em uma proporção menor estão as doenças endócrinas, uso de diversos tipos de medicamentos (como anti-hipertensivos, antidepressivos, hormônios, quimioterápicos, esteróides anabolizantes, suplementos vitamínicos), doenças do sistema imunológico, mal-formações congênitas, doenças genéticas, sequelas de cirurgias pélvicas, abdominais ou genitais, câncer e insuficiência renal.

O estilo de vida também pode influenciar. Fumo, obesidade e poluição atmosférica devem ser evitados, já que contribuem para o aumento da taxa de radicais livres no sêmen, o que pode ajudar a causar infertilidade.

“Fatores aparentemente inócuos também podem trazer danos à fertilidade masculina, como uso frequente de saunas e jacuzzis, devido à exposição testicular ao calor. Também sabemos que o uso de drogas ilícitas, como a maconha e a cocaína trazem danos reais aos mecanismos de produção dos espermatozóides, havendo, inclusive, a possibilidade de estes danos serem permanentes”, complementa o Dr. Guilherme.

Parâmetro anual

Justamente por ter tantas possíveis causas, é imprescindível a investigação rápida sempre que se nota a infertilidade. O diagnóstico é feito levando em conta diversos fatores. A primeira coisa a ser observada é se o casal não consegue conceber após um ano inteiro de tentativas. A próxima etapa é fazer uma avaliação de histórico clínico e um detalhado exame físico.

Faz-se o espermograma (análise laboratorial do sêmen), que fornece diversos indicadores como quantidade, acidez, presença de substâncias tóxicas no sêmen, além de indicar número, formato, vitalidade e capacidade de movimentação dos espermatozóides. Outros procedimentos utilizados são exames de sangue, radiografias, ultrassonografias e até mesmo ressonâncias magnéticas.

Como se vê, causas e exames não faltam.  Mesmo assim, não são raros os casos em que não se consegue um diagnóstico. “Dizemos que esses pacientes são portadores de infertilidade (ou subfertilidade) idiopática, respondendo por até 70% dos registros de infertilidade masculina, dependendo da população em questão”, avalia o Dr. Guilherme.
Se confirmada, porém, a infertilidade masculina, e identificada a causa, a boa notícia é que existem tratamentos possíveis. A microcirurgia, por exemplo, é usada quando o problema é varicocele ou quando simplesmente há bloqueios na passagem dos espermatozóides em seu trajeto habitual. “A pedra fundamental de todo tratamento para a infertilidade masculina é a identificação da causa e resolução da mesma”, pontua o especialista.

DO BLOG GINECO